quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Poesia - Sou nada

Escrevo sem saber o que escrevo, 
Mas o faço em minha pura essência,
Que é nada, senão, a de escravo,
Preso à ausência de vivência.


Falta esta que apenas eu vejo,
Visto que o Universo todo almejo;
Dado o vil reflexo enigmático,
Do negro espelho velho e dramático:


Refletindo a mim, outro espelho.


Sou como dueto de Piano e Violino,
Sem intérpretes para Música existir;
Porém, todo musical e sem destino,
Já que sou todos eles num sentir.


Pois para cada segundo de vida,
Há uma equivalência atemporal,
Escrita em partitura suicida,
Do que é eterno e magistral:


Ensinando a mim, outro discípulo.


Pequeno sou diante daquilo que penso e escrevo,
Mas o faço com pesar do gritar de mil corvos,
Que é nada além do sangue naquilo que manuscrevo,
Servindo de tinta para papel e tela com corpos,


Já que sou tudo aquilo que morre,
Renascendo após eras de escuridão.
Sou daquilo que o impossível corre,
Sou nada, morrendo em imensidão:


Sou a opulência dando valor ao pão.

Erich William von Tellerstein.