sexta-feira, 25 de março de 2011

Poesia - Absorto Inominável

Ah! Mas foi num vislumbre intenso,
A partir-me a alma em vários de mim,
Todos repletos de dores sem fim;
Que aloucou-me a paz e padeci tenso:


O maldito e absorto inominável!


De penar incontestável a entreabrir-me,
Os males do oculto e obliterando-me,
Avançou atento e por ondas tenebrosas,
Por horríveis formas vis e escamosas:


Incontável criatura do argênteo luar,
Como vagas por terra e mar a amaldiçoar?
Donde raios infinda a mim retirou-se?
Roubar-me-ia sempre o edificante pensar?


Afasta-te de mim invulnerável ser!
Manifestou-te em meu enlouquecer,
A putrefazer, esvanecer e ao anoitecer,
Mas a paz que tinha não hei de esquecer!


Põe-te a afastar-te ao gélido correr!
Não hei, jamais, a paz de esquecer!


Ah! Foi num completo e terrível momento,
Que pus-me a escrever-vos o testamento!
Mas que pus-me também ao dolorido alento,
Dum invencível e fortíssimo sacramento!


Fim dos tempos! Morte!
Suportaríeis vós mal de tal porte?

Erich William von Tellerstein.

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