sábado, 19 de fevereiro de 2011

Poema - Dimensões do Adormecer


Sou o mestre do espaço sem limites,
Das dimensões das quais eu visitei.
Perdido nos abismos da sonolência,
Mantive meu corpo sob vil dormência.


Quão viajado e vivo é um ser acordado?
Quão acordados são os seres viajantes?
Tais seres acordam após quais viagens?
Também viram do inexplicável as margens?


Há ser mais bem viajado que o dos sonhos?...


Eu venci os intensos jogos da morte!
Eu triunfei sobre os males da sorte!
De mim ninguém tirou no sono o reinado,
Pois O Pesadelo por mim foi explorado.


Nos domínios do onírico com ossos brinquei,
Emprestados da morte, da qual junto jantei.
Das imensuráveis paredes terra-azul retirei,
A fim de a sanidade manter; tudo, tudo eu criei.


Os acordados pensam que lá o abismo é brutal,
Mas não é mais negro e sombrio do que o real:
Eu mergulhei em suas fendas inescrutáveis,
Eu penetrei suas frias chamas incomensuráveis.


Há mundos ou Universos maiores que os da mente?


Não-temeroso conquistei infalível e dormente,
Pois o mais profundo abismo habita em gente:
Gente viva, morta, má, triste e sorridente;
Eis uma belíssima verdade: Morrem como a gente!


Nós! Os incontáveis Eus que habitam neste planeta,
Intocável, invisível, pequeno em ponta de caneta.
Tamanhos não saberia definir sob poder do adormecer,
Pois maluco terminaria muito antes do amanhecer.


Erich William von Tellerstein.

Poema - Chá de Mandragora


Jovem bruxa de típicos trajes alemães,
Utilizou em lua cheia de pretos cães.
A fim de mandragoras da terra retirar,
Para alucinar-lhe a mente ao se deitar.


Segundo as lendas a mesma só crescia,
Onde sêmen de enforcado na terra caía.
Um tanto difícil foi-lhe encontrá-las,
Mas com dedicação pôs-se a degustá-las.


Desde criança relatos tenebrosos ouvira,
Mas um amigo alquimista muito a instruíra,
Referindo-se ao macabro método de extração,
De tal mágica planta que dava-lhe abominação.


Seus experimentos lhe eram horríveis,
Violava-lhe as leis: Incompreensíveis.
Haviam aqueles que a noite a plantavam,
Em pequenos cemitérios, muito a assustavam.


Em leite com sangue de morcego a regavam;
Do inferno ocultos e vis efeitos resgatavam.
Inexplicáveis visões sob veneno contemplara,
Em coma permaneceu pois sua curiosidade matara.


A raiz apresentava aparência humana intrigante,
Prepará-la causava-lhe torpor e era desgastante.
Donde surgira tal espécie e tão curiosas histórias?
Se vós a virdes e tomardes: Do abismo vereis as escórias.


Erich William von Tellerstein.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Poema - O Martelo das Bruxas


O docíssimo queimar das bruxas,
O arder das vis e esdrúxulas:
A visão de Kraemer, satisfação!
Coragem! Incomparável queimação.


Urde o fogo! Palha nas estacas!
Perseguição com forcados e facas!
Que prazer maior a Europa teria?
Sob domínio de Católica Feitiçaria?


Urde a chama do intenso mal que clama,
Pelo sangrento rastejar dos condenados,
Sob exaustivos e desagradáveis cuidados,
Às margens do desespero, dor e Thanatos.


Caça às bruxas, mal manual acessível,
Àqueles que desejam a praga transmissível,
Do saboroso ato de degustar a morte alheia,
Para satisfazer a alienação que sempre semeia.


Crísticas lágrimas: Aquele que morreu por isto,
Pelo fogo que outrem aplicara à sua divina raça,
Para satisfazer o Diabo interno na pública praça,
Com tortura, preconceito, raiva, morte, fogo e caça.


Urde os males da bruxaria sobre o pseudo divino,
Pois de males de não-bruxedos a terra já arde,
Há tempos, frustrações, condenações e Astarte,
Feitiçaria Velha e Moderna! Por que tu não contemplaste?


Malleus Maleficarum! Doce martelo das bruxas,
Batido sob sanguinário tribunal com luxúria,
Ternura, benevolência, carinho e vil doçura,
Sob o incentivo dos filhos dos Diabos do mundo.


Index Librorum Prohibitorum! Escondida arte,
Dos profanos, cegos e mestres da sórdida maldade.
Vós sois o resultado do passar de todos os tempos,
Cuidai de vossas almas, vós estais em todos os tempos.

Erich William von Tellerstein.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Poema - Fenda do Inferno


Magos trajados com as cores do abismo,
Desempenham os mistérios do ocultismo.
Infernal fenda, triste venda de almas,
Buraco onde ao mal todos batem palmas.


Textura de vermelho-sangue ardente,
Cobre as rochosas paredes, dormente.
Labirintiforme diabólica arquitetura,
É esta a da fenda, dá-nos vil tontura.


Luxuriosas orgias lá empreendem-se,
Em faustosas camas todos deleitam-se,
Para gerar o Caos Vivo, enlouquecem-se;
Em nome de seus Egos e Dele, torturam-se!


Infernal fenda que nesta noite se abriu,
Enxofre no sangue dolorosamente diluiu.
Gargalhantes chamas que a todos queimam,
Para aprenderem e sentirem o que desejam.


O evolutivo lapidar dalma não suportaram,
Fogo a dentro foram arrastados, queimaram.
Aos vícios renderam-se, dor e sexo eternos,
Não lembram mais nada: Oblivium sempiterum.


Infernal fenda que neste dia se abriu,
Desempenha os mistérios, a muitos iludiu.
Triste venda de almas, a morte bate palmas,
Faustosa condenação: Deus lhe dará o perdão.


Erich William von Tellerstein.