sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Poesia - O Carrasco
Tecer-se-ão da desdita infinda panos pretos,
Vestí-los-ei logo, em funesta oportunidade.
Dizem-me Não furiosos, mas ignorá-los-ei;
Hão de ameaçar-me, julgá-los-ei, por isso.
Demandar-se-iam muito mais destes detentos,
Dos quais compõem-me os tristes pensamentos,
Se piores fossem os já horríveis comportamentos,
Em diversos outros oníricos e horrendos momentos.
Meu machado, afiá-lo-ei; hei de dar-lhes breve fim,
O público utilizar-se-á de urros para eles e para mim.
Todos seguidos de aplausos; dar-me-ão sagrado esconjuro?
Põem-me num alto muro, pois hei de cair no cruel escuro.
Jorrar-se-ão lágrimas previamente, que posso fazer?
Trata-se de minha profissão; ou o faço, ou irei jazer:
De fome, frio, sem aposento; aposentar-me-ia um dia,
Mas infelizmente, O tão sonhado sempre se tardia.
Tardar-se-ía a chegada dos bons dias menos,
Se soubéssemos lidar com nossa própria existência.
Demonstrar-se-iam mais os anjos; não os culpemos,
Indevidamente e ignorantemente, por sua ausência.
Encontrava-me outrora degenerado espiritualmente,
Pois apreciavam-me tais escárnios, sentimentalmente.
Condolências eu enviaria às famílias destruídas,
Se estas não desejassem minha morte, reunidas.
Formam-se que energias ao redor do corpo e da alma?
Hei de imaginar que boas, se esta deixa o mesmo, calma.
Romper-se-ia o cordão prateado que os conecta quando?
Instantaneamente devido a morte brutal? Sem pranto?
Existem aqueles que apreciam o rolar das cabeças?
São criminosos, penosos, que compõem um quebra-cabeças.
Mas porque quebraram cabeças, hei de separá-las feliz?
Sugeri-me verdade maior, se esta, a vós, não condiz.
Belas missas empreender-nos-íamos, mas estes, odiados são;
Segundo todos: encarnações de demônios; nem mesmo um é são.
Pesa-me o peito, destrói-me a alma: túmulos sem flores;
Sem contestações, incontáveis... Sou criador de dores!
Oh seres das elevadas dimensões! Manifestai-vos!
Ajudai! Como irei dormir? Choros soam como uivos!
A cada pobre executado, mais se corrompe minh'alma!
Devo livrar-me, me livrar! É colossal o trauma.
Distanciai-me de tal repugnante realidade!
Almas cortadas, perdidas, insana maldade!
Imaginam todos a vida de um carrasco?
Conseguí-lo-iam? De veneno encho um frasco.
Tirar-me-ia a infausta vida, pouparia mais mortais,
Mas demoraria pouco, para outro ocupar-me o lugar.
Reconhecer-me-ia, valorizaria muito minha vida,
Mas esta profanarei e não a irei querer comprida.
Acato ordens que sobre mim são severamente impostas;
Para a maldade do povo nunca fecharam-se as portas.
Acostumar-me-ei inevitavelmente com tal rotina,
Pois do contrário, de depressão, o sol queimar-me-á a retina.
Trazer-me-íam já, a luz, os inefáveis anjos;
Mas deverei esperar, pois jamais fugirei.
Manifestarei as trevas, mesmo com arcanjos,
Observando-me; dominarei minhas leis.
Implorar-lhes-ei desde já que força me concedam,
Pois estender-se-á tal lamentável serviço.
Dar-lhes-ei toda a minha fé, com fé me enriqueçam!
Hei de retornar, ao infinito, bem; Ao Deus maciço.
Erich William von Tellerstein.
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